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Existe a história real da cerveja ou está mais para estória de boteco?

 

Por Marcela Mandim e Juliana Queissada

 

 

“É de lei, na sexta – feira, eu e os meus quatro amigos do escritório fazemos um happy hour regado a muita cerveja e petisco na Vila Madalena”, confessa Henrique Julião, advogado de São Paulo. Assim como o Henrique, milhares de homens e mulheres do mundo tem a preferência pela “cervejinha” no seu paladar. A questão é: será que todos sabem da onde veio e quem criou esse líquido tão apreciado?

Acredita-se que a cerveja é uma das bebidas alcoólicas mais antigas criadas pelos seres humanos. Fala-se em mais de 10.000 anos e vejam só, a origem, está no pãozinho. Por ser tão antiga há muitas versões da sua gênese. Há indícios que ela surgiu na Mesopotâmia e os povos que habitavam essa região, perceberam que ao molharem os seus pãezinhos, fermentavam, e ficavam com um gosto surpreendente.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Queridos pães: tudo começou por eles

 

Segundo o professor e pesquisador, Max Nelson, da Universidade de Windsor, Canadá, a cerveja é a bebida alcoólica mais consumida no mundo.  Para ele não há um nascimento assertivo do fluido, porém uma das lendas é que os homens do neolítico esqueceram a cevada na chuva e isso gerou uma beberagem diferente. Logo, todo o clã estava provando e rindo muito. Conta-se que isso aconteceu por volta de 6.000 A.C.

Desta forma, surgiu o “pão líquido” e quando repetido esse processo gerou-se melhora na fabricação da bebida. O nome foi dado justamente pela textura da cerveja, que não era filtrada e por isso era muito mais pastosa do que as que encontramos hoje. Os sumérios a chamavam de “bebida divina”, a qual era oferecida aos deuses.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O “clã” pode ter se modificado nos tempos atuais, mas não mudou a bebida que brindam

 

O tempo passou e no século XVI foi descoberta, acidentalmente, um novo tipo de cerveja, as famosas largers, antes só existia as que chamamos de ales. A cerveja era estocada em cavernas geladas por um longo tempo. Hoje, as de tipo largers ultrapassam as cervejas ale em volume.

O sommelier cervejeiro Marcus Espoladore conta que desde 1516 as famosas cervejas alemãs já possuíam uma lei própria, a Reinheitsgebot, também conhecida como a Lei da Pureza. “São permitidos o uso de 4 ingredientes: agua, malte de cevada, lúpulo e Levedura (micro-organismos) ”, explica.

Achou estranho um sommelier especializado em cervejas? Pois bem, existem vários cursos espalhados pelo país. Marcus é formado pela Associação Brasileira de Sommeliers (a mesma que dá cursos de vinhos). Ele conta que em Blumenau existe uma espécie de universidade da cerveja: “Lá foi criada a Escola Superior de Cerveja e Malte com diversos cursos no ramo. É como se fosse uma universidade da cerveja, seguindo o movimento europeu”.

Os cursos abordam os mais variados temas que permeiam a cerveja: história, escolas cervejeiras, estilo, fabricação, serviço e harmonização. No Brasil, a história vem mudando nos últimos anos.

É cada vez mais comum vermos cervejas artesanais nacionais em bares e restaurantes. Esse tipo de empreendimento vem ganhando muito espaço e, com eles, surgiram mais e mais bares especializados em cerveja. Esse é o caso dono do Empório Alto dos Pinheiros, Paulo Almeida, que possui em torno de 750 cervejas em sua carta.

No começo, há quase 8 anos, Paulo nem imaginava que a cerveja ganharia tanto espaço. “Nós já trabalhávamos com cervejas artesanais brasileiras, mas a procura foi aumentando, o número de fornecedores também e hoje elas foram ocupando prateleira por prateleira”, conta. Os quase 50 fornecedores ajudam a trazer verdadeiras raridades para o bar.

Paulo conta que esse ano veio uma leva da cerveja Westvleteren XII, que só era encontrada na abadia de São Sixto, em Westvleteren, Flandres, Bélgica (perto da fronteira com a França). Essa cerveja é produzida pelos monges locais e foi considerada a melhor do mundo em 2005.

São muitas as histórias que envolvem cervejas ao redor do mundo e seria impossível falar sobre todas de uma única vez. Agora você sabe um pouquinho mais sobre aquela cervejinha que toma no happy hour.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A Estela de Hamurabi: nela estão escritas as leis antigas sobre a cerveja. A peça fica no Museu do Louvre, em Paris.

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